15 outubro 2006

Luís da Conceição




Naqueles tempos lá íamos em romaria até às Ónias para vermos os treinos e depois os jogos oficiais que se realizavam aos domingos  a contar para os campeonatos da FNAT.

Pensávamos ansiosamente no tempo que não mais chegava, para finalmente podermos substituir aqueles rapazes que tanto nos orgulhavam nos despiques mais atléticos que técnicos, mas sempre com uma vontade enorme e sem limites de fazer soar bem alto o nome na nossa terra.

Estávamos nos anos sessenta e nós os miúdos, brincávamos à bola com eles no adro da igreja, mas ali nas Ónias é que era mesmo a sério! Equipamento a rigor de calção branco, camisola desenhada com triângulos vermelhos e brancos ou com uma faixa vermelha em forma de diagonal e botas de travessas, aconchegadas o mais possível às meias de riscas vermelhas ou brancas, eram eles os nossos heróis do Vera Cruz Futebol Clube.

O Zé Gomes na baliza e depois os jogadores de campo Zé Guilherme, Carlos Feijão, Manuel Barão, Zé Bacalhau, Ezequiel Leal, Ezequiel Mateiro e tantos outros, mas um jovem a quem nos habituamos a chamar por Luís do Abel despontava entre os demais pela sua juventude. Possuía uma constituição física adequada à prática da modalidade, muita agilidade no transporte e domínio da bola, e um pé esquerdo temido por qualquer guarda-redes que ousasse opor-se aos seus certeiros remates. Era para muitos de nós um verdadeiro motor da equipa, tal a vivacidade e empenho que dispunha em campo, mesmo nas situações de jogo mais adversas, empolgando-nos pela sua capacidade de elevação em lances de ataque do Vera Cruz Futebol Clube nas áreas contrárias.

Mais tarde em ligação com a sua vida profissional chegamo-lo a ver inserido em actuações do Grupo de Folclore da TAP, nas Festas de Verão realizadas no Pombalinho. É esta pois, a imagem que eu guardo do Luís da Conceição, é esta a homenagem que quero prestar-lhe neste espaço, hoje que faz três meses que resolveu partir do convívio de todos nós.