Naqueles tempos lá íamos em romaria até às Ónias para vermos os treinos e depois os jogos oficiais que se realizavam aos domingos a contar para os campeonatos da FNAT.
Pensávamos ansiosamente no tempo que não mais chegava, para
finalmente podermos substituir aqueles rapazes que tanto nos orgulhavam nos
despiques mais atléticos que técnicos, mas sempre com uma vontade enorme e sem
limites de fazer soar bem alto o nome na nossa terra.
Estávamos nos anos sessenta e nós os miúdos, brincávamos à
bola com eles no adro da igreja, mas ali nas Ónias é que era mesmo a sério!
Equipamento a rigor de calção branco, camisola desenhada com triângulos
vermelhos e brancos ou com uma faixa vermelha em forma de diagonal e botas de
travessas, aconchegadas o mais possível às meias de riscas vermelhas ou
brancas, eram eles os nossos heróis do Vera Cruz Futebol Clube.
O Zé Gomes na baliza e depois os jogadores de campo Zé
Guilherme, Carlos Feijão, Manuel Barão, Zé Bacalhau, Ezequiel Leal, Ezequiel
Mateiro e tantos outros, mas um jovem a quem nos habituamos a chamar por Luís
do Abel despontava entre os demais pela sua juventude. Possuía uma constituição
física adequada à prática da modalidade, muita agilidade no transporte e
domínio da bola, e um pé esquerdo temido por qualquer guarda-redes que ousasse
opor-se aos seus certeiros remates. Era para muitos de nós um verdadeiro motor
da equipa, tal a vivacidade e empenho que dispunha em campo, mesmo nas
situações de jogo mais adversas, empolgando-nos pela sua capacidade de elevação
em lances de ataque do Vera Cruz Futebol Clube nas áreas contrárias.
Mais tarde em ligação com a sua vida profissional chegamo-lo
a ver inserido em actuações do Grupo de Folclore da TAP, nas Festas de Verão
realizadas no Pombalinho. É esta pois, a imagem que eu guardo do Luís da Conceição, é esta a
homenagem que quero prestar-lhe neste espaço, hoje que faz três meses que resolveu partir do convívio de todos nós.